1 - Punk é anarquismo ?
(ou: Punk, o que é anarquismo ?)
É muito comum vermos em todo o lugar uma galera que se diz, anarquista, não por conhecer a teoria anarquista, não por saber quem foi Proudhon, Bakunin ou Kropotnik, e sim pelo simples fato de verem nas camisas e discos de bandas punk, o tão conhecido símbolo do A, um símbolo que reflete atitude para quem o carrega, mas ignorância para quem o usa pensando só se tratar de “um mundo sem governo”, “abaixo o sistema”.
Vamos por partes, o punk não é um sinônimo de anarquismo, na Europa e Estados Unidos existem até punks nazistas, até mesmo o cara mais respeitado pelos neo-punks, Jello Biafra, faz esse alerta em “Nazi Punks Fuck Off”, e a maioria dos punks de hoje estão nessa por moda, isso mesmo, punk é moda, uma moda que pode até ser eterna, mas é moda. O que mais se vê são punks mais preocupados se o seu visual está chocando o bastante, do que estudar a teoria anarquista.
E tudo isso começou com um cara chamado Malcom McLarem, que resolveu botar um grupo de garotos alienados que gostavam de se picar e mandar a rainha se fuder, a tocar uma som que estava revolucionando o rock nos EUA, criado por Stooges, MC5 e estourado pelos Ramones (essa sim uma banda de respeito), que não estavam nem aí em querer passar alguma falsa mensagem/atitude e sim se divertir, Pois o grupo de garotos viu um show do Ramones em Londres e pensou “Agora eu quero ser isso” até aí tudo bem, só que resolveram misturar àgua com óleo e fizeram a música que mudaria para sempre o sentido da denominação “Punk”, a música “Anarchy in UK”, até então “Punk” éra o nome de uma revista que falava do CBGB, e simplismente significa “vagabundo”, Hoje não deixa de significar isso, mas é um punk que nem sabe o que é o diz que é.
Alguns Punks gostam de falar mal do comunismo, mas não por saberem das divergências teóricas entre Marx e Bakunin, e sim por quererem ser, se achando anarquistas, a única solução contra o capitalismo. Também sem saber, estão fazendo a mesma coisa que fazem os Skin-Heads Nazistas, que usam camisetas anti-comunistas, mas vivem batendo nos punks. Talvez se os punks se unissem aos comunistas lendo e entendendo, que o anarquismo e o comunismo são dois meios de se chegar a um mesmo objetivo, uma sociedade igualitária, talvez apanhassem menos dos “Carecas do Brasil” versão Brasileira dos bulldogs nazistas.
Mas parece que isso está mudando, em SP, berço do Movimento Punk no Brasil, já há punks usando máscaras de guerrilheiro e camisetas que ao invés de terem nomes de bandas como Chaos UK, Exploited, GBH, trazem nomes de guerrilhas como FARC e EZLN, esses dias ví um punk (punk mesmo, dos que mechem no lixo e fedem a saco sujo), com a camisa do Che Guevara no Gasômetro. Ou estão criando consciência, isso ou apenas consideram mais uma imagem/atitude legal de ser copiada. Aposto 10 na segunda opção.
Portanto não me venham relacionar a música mais revolucionária que existe, no sentido de Ter sido criada por uma galera que não estava nem aí se prá fazer rock tinha que pelo menos saber o que é um instrumento, em uma época em que o rock se transformava em uma coisa chata feita por guitarristas guitarristas posers e suas intermináveis seções de masturbação-sonora, chamadas solos (aliás, que coisa mais anti-comunista é um solo).Brujo Molotov
Dois meios, um fimO anarquismo, desde sua criação, recebeu vários atributos. Seus críticos dizem que é uma forma de organização social onde impera a bagunça. Seus defensores negam isso energicamente. Vejamos como ele se estrutura. O anarquismo é uma doutrina que defende a supressão de qualquer governo formal - por considerar que eles interferem na liberdade idividual - substituindo-os por coorporativas de grupos associados de produtores.
Proudhon foi um de seus precursores e enfatizava o respeito à pequena propriedade, propondo a criação de cooperativas sem fins lucrativos voltadas para o auto-abastecimento e de bancos que concedessem empréstimos sem juros aos empreendimentos produtivos e crédito gratuito aos trabalhadores. Dizia que o Estado deveria ser destruído, sendo substituído por uma "república de pequenos proprietários", sem leis, sem polícia, sem imposto de renda, sem forças armadas. Nada mais correto. As idéias de Proudhon influenciaram Mickail Bakunin (1814 - 1876) e Piotr Kropotkin ( 1842 - 1921). Este era de uma corrente menos radical e sem tanta difusão. Defendia a chegada ao Anarquismo com o não pagamento de impostos, o não reconhecimento das decisões dos tribunais de justiça e maiores recusas a seguir o padrão social capitalista.
Já Bakunin, um revolucionário russo, fundador do Movimento Populista Russo e principal expoente do movimento anárquico, era adebto do anarquismo terrorista. A ele são atribuídos inúmeros assassinatos e atos de vandalismo e terrorismo. Defendia que a única forma de se alcançar uma sociedade justa e sem desigualdades seria através da utilização de violência, luta armada e atentados contra governantes. Vemos, portanto, que o marxismo e o anarquismo coincidem em seu objetivo final, a criação de uma sociedade, a comunista, onde não haveria um Estado e as desigualdade sociais seriam banidas.
Porém, Marx defendia a existência do socialismo, fase anterior à comunista, onde haveria o gradual erradicamento do Estado, de suas injustiças e desigualdades. Para Marx, o socialismo faz-se necessário para a vigência da ditadura do proletariado, onde o povo, através de revoluções, chegaria ao poder sem o uso de terrorismo. O anarquismo pretende suprimir, pular o socialismo. Marx reconhece as boas intenções anarquistas em instaurar uma sociedade igualitária, porém discorda profundamente dos meios anárquicos. Eles, do ponto de vista marxista, subestimam o proletariado ao afirmar que a tomada do poder pelos trabalhadores apenas eternizaria a opressão. Outro ponto de discórdia. Você sabe da existência de algum Partido Anarquista? Evidente que não. Os anarquistas dizem que se votassem ou tivessem um partido político estariam concordando e submetendo-se ao sistema capitalista. Já Engels e Marx ressaltavam a importância do partido dos trabalhadores, que atuaria conscientizando e unindo o proletariado, organizando os seus atos.
Atenção! Em muito lugares lemos que o anarquismo é apenas uma variação do marxismo, que ambos são "irmãos". Afirmação incorreta! Marx queixava-se de que seu pensamento estava sendo deturpado por outros filósofos. Ele tinha, por hábito intelectual, desenvolver suas teses através do debate com outros pensadores, distinguindo, assim, o seu pensamento do daqueles que o criticavam. Isso alimentou várias polêmicas. Em 1846 convidou Proudhon para um intercâmbio entre comunistas de vário países. Este disse que "a revolução como meio de transformar a estrutura econômica e social seria maléfica, pois ela traria prejuízo aos trabalhadores, desarmonizaria o sistema de produção e faria cair o fluxo de mercadorias." Baseado nessas idéias ecreveu o livro Filosofia da miséria contra Marx, que respondeu através de outro, intitulado Miséria da filosofia. Neste livro Marx disse que, de Hegel, Poudhon só havia assimilado o vocabulário, não percebendo as complexas contradições da sociedade. Karl considerava as idéias de Proudhon pequeno-burguesas e descomprometidas com a luta da classe trabalhadora. Bakunin também polemizou com Marx. Dizia que este era prepotente e que seu socialismo era autoritário. Karl negava e criticava o "pai do anarquismo" dizendo que a greve geral, defendida por Bakunin, era "um mito, uma idéia romântica, que poderia prejudicar a organização da classe trabalhadora, que deve amadurecer com paciência". Além de dizer que o programa de Bakunin era "uma salada de lugares-comuns, de palavrório sem sentido, uma grinalda de conceitos e improvisação insípida".