As Cartas de Che


 
Aos filhos:

Queridos Hildita, Aleidita, camilo, Célia e Ernesto:

Se alguma vez tiverem que ler esta carta, será porque eu não estarei mais entre voçês. Quase não se
lembraram de mim e os mais pequenos não recordarão nada.O pai de voçês tem sido um homem que
atua, e certamente, leal a suas convicções. Cresçam como bons revolucionários. Estudem bastante para poder dominar as técnicas que permitem dominar a natureza. Sobretudo, sejam sempre capazes de sentir profundamente qualquer injustiça praticada contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Essa é a qualidade mais linda de um revolucionário. Até sempre, meus filhos. Espero vê-los, ainda. Um beijão e um abraço do Papai.
 

À Fidel Castro:

 
Até a vitória, sempre!

    Lembro-me nesta hora de muitas coisas, de quando te conheci na casa de Maria Antonia, de quando tu me propuseste vir , de toda a tensão dos preparativos.
    Um dia vieram perguntar a quem devia avisar em caso de morte e a possibilidade real do fato nos
golpeou a todos. Depois, soubemos que era certo, que numa revolução (verdadeira) ou se triunfa ou se morre. Muitos companheiros ficaram pelo caminho em direção à vitória.
    Hoje, tudo tem um tom menos dramático, porque somos mais maduros, mas o fato se repete. Sinto que cumpri a parte do meu dever que me ligava à revolução cubana em seu território, e me despeço de ti, dos meus companheiros, do teu povo, que já é meu.
    Faço uma renúncia formal a meus cargos na direção do partido, da minha função ministro, do meu grau de Comandante, da minha condição de cubano. Nada legal me liga a Cuba, a não ser laços de outra natureza que não se cortam com as nomeações.
    Rememorando minha vida passada, penso ter trabalhado com suficiente honradez e dedicação para
consolidar o triunfo revoluvionário. Minha única falha de certa gravidade foi a de não ter confiado em ti desde os primeiros momentos da Sierra Maestra e de não haver compreendido com suficiente rapidez
tuas qualidades de condutor e de revolucionário. Vivi